A BICICLETA É VITAL: Divulgação dos Resultados da Pesquisa Origem-Destino (OD) Belém 2025

A Bicicleta não é “Micromobilidade”, é a Solução Urbana de Belém! Resultados do Pioneiro Estudo de Origem-Destino 2025

O Coletivo ParáCiclo, em parceria com a Mbué Pesquisas e Projetos Socioambientais e com financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS), tem o prazer de apresentar os resultados da primeira Pesquisa Origem-Destino (OD) da Sociedade Civil voltada exclusivamente para ciclistas em Belém.

Este estudo, realizado em maio de 2025, consolida-se como um marco para o planejamento urbano da cidade, que sediará a COP30. Mobilizamos 13 pesquisadores para realizar 424 entrevistas válidas, superando a amostra mínima necessária, nos mesmos sete pontos da Contagem de Ciclistas 2025, garantindo que os dados qualitativos da OD complementassem a robustez quantitativa da Contagem.

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1. O Uso Essencial: Trabalho e Frequência Máxima

Os dados da OD comprovam que a bicicleta não é uma opção de lazer em Belém, mas sim um modal primário de subsistência.

  • Uso Diário e Frequente: A esmagadora maioria dos ciclistas usa a bicicleta quase todos os dias. 92,5% dos entrevistados afirmaram usar a bicicleta cinco ou mais dias na semana.
  • Motivação Principal: A função da bicicleta é massivamente o Trabalho, que representa 63,8% da motivação da viagem em questão (na média ponderada).

A Renda do Pedal: Este uso funcional possui implicações econômicas robustas. A Contagem de Ciclistas registrou 4.297 bicicletas cargueiras e 557 bikes-lanche. Calculou-se que apenas as bicicletas de serviço (Cargueiras, Bike-Lanche, Entregadores por Aplicativo) movimentam potencialmente cerca de R$ 1.000.000,00 mensalmente.

2. Perfil e Equidade: Um Modal Popular de Baixa Renda

A pesquisa de OD revela o perfil sociodemográfico da população que depende da bicicleta:

  • Raça e Renda: Os usuários são predominantemente identificados como “preto/pardo” (85,8%). A grande massa de usuários possui rendimentos inferiores a dois salários-mínimos.
  • Gênero e Ocupação: Mulheres entrevistadas apresentam faixas de renda menores que os homens. Ocupações como “Trabalhos Domésticos” aparecem em segundo lugar (31%) para as mulheres, enquanto os homens se concentram em “Serviços” e “Construção Civil”.

Resiliência Climática: A dependência é tão forte que a chuva, apesar de ser o principal obstáculo, raramente impede a viagem: 78,9% dos ciclistas afirmam que “Vão mesmo com chuva” se ela não cessar ou diminuir

3. Demanda Reprimida: O Risco na Ausência de Infraestrutura

O cruzamento dos dados quantitativos com os de origem-destino expõe as falhas no planejamento urbano de Belém:

  • Fluxo Máximo Sem Proteção: O Ponto 7 (Avenida Fernando Guilhon), que não possui cicloestrutura, registrou o maior fluxo da contagem, com 20.595 ciclistas circulando na semana avaliada. Isso comprova uma demanda reprimida urgente por infraestrutura.
  • Padrões de Deslocamento: A maioria das viagens é de curta duração (49,1% levam até 15 minutos e 77,1% até 30 minutos).
    • Fluxos Locais: Pontos como Ponto 3 (Guamá) demonstram uso intenso intra-bairro (100% de indicação de Destino no próprio bairro).
    • Fluxos Metropolitanos: Pontos como Almirante Barroso e Av. Centenário concentram viagens longas (30 a 60 minutos), reforçando a ligação com Ananindeua.

Conclusão: É hora de priorizar o pedal

Os estudos Coletivo ParáCiclo/Mbué 2025 estabelecem, com rigor científico, que a bicicleta em Belém é um pilar econômico e de subsistência, responsável por um volume total de 76.416 viagens e evitando a circulação de, pelo menos, 200 ônibus por dia. A urgência em investir em cicloinfraestrutura de qualidade é clara, especialmente nos corredores de alto risco sem proteção, para garantir a segurança e o conforto compatíveis com a importância desse modal para a Região Metropolitana de Belém.

Venha Pedalar com a Gente! Participe do Coletivo ParáCiclo! [@coletivoparaciclo].

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