Maternidade e bicicleta. Uma combinação perfeita

Sabe aquela história de que maternidade vai te privar de muita coisa, que maternidade e bicicleta não combinam. Esqueça tudo isso! Você vai perceber que tem tudo a ver depois de conhecer a história dessas mães que saem por aí curtindo um vento no rosto com frequência e ainda garantem uma programação divertida aos filhos.

É o que conta a ciclista Eliana Alfaia, que retomou o uso da magrela em 2012, após a infância. “Eu sempre gostei de pedalar desde criança. Lembro que dava voltas no quarteirão, mesmo com advertência de meus pais de não sair da rua de casa, mas o desejo de ir além sempre me perseguiu. Conforme fui crescendo a bicicleta foi se distanciando e parecia que essa relação não teria mais volta, com todas as responsabilidades da vida adulta, trabalho e mãe de dois filhos, Ian, 11 anos e o Iuri, 5 anos”.

Em 2012, Eliana conta que teve um estalo ao participar de uma caminhada ecológica, no Parque do Utinga, em Belém. “Eu vi uma turma passando de bike, fiquei curiosa, conversei com alguns ciclistas e me informaram sobre os grupos que existiam na cidade. Fiquei encantada, porém ainda parecia uma realidade distante para mim, pois acabara de ter meu segundo filho, ele estava com 6 meses de vida. Já era complicado deixá-lo para sair para trabalhar, imagina para ir pedalar”.

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Primeiro pedal com o filho 

Ela lembra que se sentia sedentária. Tinha a ajuda da mãe para cuidar do filho no horário de trabalho. “Foi quando surgiu uma luz. Já que não tinha com que deixar meu filho para ir malhar, resolvi comprar uma bicicleta e uma cadeirinha, e assim eu não me desgrudaria dele, faria uma atividade física e ainda o levaria para passear”. E foi assim que ela entrou para o mundo encantado do transporte ativo em duas rodas. A princípio pedalava somente nos finais de semana no Parque do Utinga, levava as bicicletas dela e do filho mais velho no carro. Eliana diz que foi ganhando confiança em pedalar com eles pela cidade e desde então, não parou mais. “Comecei pedalando pela ciclofaixa da João Paulo II e hoje já pedalamos juntos por Belém, sempre usando as ciclofaixas. Como o Parque do Utinga está fechado, geralmente pedalamos até a Praça da Batista Campos”.

E essa mãe não parou por aí. Depois contagiou o marido, os pais e o irmão. “Todos compraram bicicletas e sempre que possível saímos para fazer trilha no interior do estado. Geralmente levamos as crianças e um de nós não participa da trilha para ficar com elas, que marcam presença na largada e nos ponto de apoio”.

CICLOTURISMO

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Contar com uma rede de apoio para sair da rotina e das obrigações depois da maternidade é fundamental. Eliana afirma ter um grande apoio da família. “Sempre que aquele desejo de ir mais além bate eu posso contar com meus pais para ficar com meus pequenos. O maior tempo que passei longe deles foi 19 dias, pedalando 1.625 km de Belém à Fortaleza, em Janeiro de 2017”, detalha.

MÃE CICLISTA = FILHO ENCANTADO E CHEIO DE ORGULHO

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Ela conta que o filho mais velho fica encantado quando escuta os relatos das aventuras dos pais sobre duas rodas. “O Ian fica estonteante toda vez que conto meus feitos. Pergunta quantos km eu pedalei dessa vez, e depois corre e vai contar para os amiguinhos. A viagem de Belém à Fortaleza os amiguinhos não acreditaram que a mamãe dele havia pedalado mais de mil quilômetros, mas ele fica todo orgulhoso e conta todas as histórias que ouviu da viagem”.

E é claro que filho de ciclista vai querer seguir o exemplo. O Ian afirma que quer ser ciclista, mas ele nem imagina que já está com a paixão pela bike entranhada na alma. “Ele já fez uma trilha de 20 km com o padrasto, o avô  e a avó. Eu e o Iuri fomos no carro só acompanhando. Dia de terça e quinta ele treina 10 km na Av. João Paulo. Acorda 5:45h para treinar com padrasto. Já o Iuri, o mais novo, adora o ventinho da cadeirinha. Com ele pedalamos todos juntos aos sábados”.

Para Eliana a bicicleta trouxe muitas possibilidades, que vão além de deixar o sedentarismo de lado. “A bicicleta mudou minha vida, saí do sedentarismo, faço uma atividade que compartilho com meus filhos, com meu marido, fortaleceu os laços de amizade e me aproximou dos meus pais também. A bicicleta uniu nossa família. E a modalidade do cicloturismo também me proporcionou experiências enriquecedoras. Hoje já não me vejo sem a minha companheira, a bike”.

Assim como Eliana, temos muitas outras mamães que se utilizam do modal para levar a vida numa boa. A ciclista Olga Lima, que tem os filhos Aquiles, 11 anos e Anita, 8 anos, começou a pedalar também em 2012, quando os passeios de bike pela cidade estavam começando a se popularizar. “Senti de verdade vontade de montar uma bicicleta, estavam ficando bem populares os passeios ciclísticos, até que o meu marido montou duas”.

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Na época os filhos da Olga se divertiam quando viam os pais na bicicleta, por entenderem que passear de bike era brincadeira de criança. “Para mim desde a primeira vez que sai pra pedalar como ciclista foi amor à primeira vista. Tive a certeza de que não queria mais parar e a primeira coisa que pensei foi: vou fazer isso todo domingo”.

No começo ela conta que teve um pouco de dificuldade pelo fato de os meninos serem pequenos. “Resolvemos dar o sábado de lazer a eles e no domingo o nosso. Dessa forma conversávamos e foi dando certo, o fato de morar perto da minha sogra ajuda muito, porque assim podemos deixá-los com ela sem preocupação, já que saímos muito cedo no domingo”.

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Para Olga, a bicicleta entrou em sua vida depois da maternidade como uma possibilidade motivacional. “Eu acredito que o maior benefício da bicicleta na minha vida foi a terapia gratuita”.

 

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